Tuesday, February 26, 2008

DEUS TE ABENÇÕE

Sob chuva intermitente, dia desses fiquei a cismar sobre o valor de expressão “Deus Te Abençoe”.
Um pedido de benção é sempre bom para quem o faz, pois recebe como resposta um “Deus te abençoe”, ou seja o solicitado intercede junto a Deus para que proteja aquela pessoa que deseja sua benção.
Não é muito bonito isso?
É por isso que benção de mãe não tem limite, é graça eterna, amor puro, luz sempre acesa e tempo sem hora.
Sempre comento com meus filhos a respeito, porque acho que a benção é algo de sagrado. É um desejo irrecusável, é uma oferta de flores, é como estar assentado sob a sombra de uma árvore. A benção é um raio de calor que vem voando com notas de alegria em direção ao abençoado, como se fosse um sussurro das águas do mar, em forma de gotas de bem querer. A benção tem o sentido da leveza serena das nuvens brancas. É o zelo guardado que se oferece ao próximo.
Espalhar bençãos é ver a nossa riqueza interior multiplicada, por isso é que digo “Deus abençoe a todos”.

Monday, February 18, 2008

O AMOR

Há alguns dias sobre a insistência da chuva fina e intermitente vi-me a folhear o livro “VIVENDO, AMANDO E APRENDENDO”, de Leo Buscaglia, autor de “AMOR”, e que no mencionado livro retoma o para sempre discutido tema. Imediatamente pus-me a meditar a respeito.
Assunto tão vasto e com mais de mil definições, cantado por Chico Buarque, poetizado por Vinícius e Camões. Não se sabe como aflora, como persiste, nem quando vai embora.
Há anos os psicólogos, sociólogos e antropólogos nos vêm dizendo que o amor se aprende. Não é uma coisa que acontece espontaneamente. Acho que acreditamos que seja, e é por isso que temos tantas inibições quando se trata de relacionamentos humanos. Quem nos ensina a amar? A sociedade, nossos pais, nossos filhos? Estes, os filhos, sempre esperam que os pais sejam perfeitos. Depois ficam um pouco desapontados e desiludidos quando descobrem que os pais, pobres seres humanos, não o são.
Acreditamos que no campo da afetividade é muito importante a pessoa gostar de si como alguém que sabe que só pode dar aquilo que possui.
Nas ilações sobre o tema, relâmpagos de um texto: “Nenhuma dor é tão mortal quanto à da luta para sermos nós mesmos”. Quase sempre o amor pressupõe perda. A idéia de perda não é só pela morte, mas também por abandonar e ser abandonado, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. Nossas perdas não são apenas as separações e partida dos que amamos, mas também a perda consciente ou inconsciente de sonhos românticos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de segurança - e a perda da nossa própria juventude, julgada imune e invulnerável às rugas e cabelos brancos.
Um pouco enrugado, altamente vulnerável e definitivamente mortal, examinei essas perdas. Perdas necessárias que enfrentamos quando nos vemos face a face com o fato do qual não podemos fugir...
Que alguém vai nos deixar; que as dores nem sempre desaparecem com um beijo; que estamos no mundo essencialmente por nossa conta; que há falhas em qualquer relacionamento humano; que nosso status (se existir) é implacavelmente efêmero; que nossas opções são limitadas pela anatomia e pela culpa e que somos incapazes de oferecer a nós mesmos ou a quem amamos qualquer forma de proteção - proteção contra a dor, contra as marcas do tempo, contra a velhice, contra a morte.
Enfim, para crescer é necessário perder, abandonar, desistir e renunciar. No amor, quando se perde, a gente sente-se sugado.
Assim é o amor; ora azul, ora nebuloso.
Amar não é apenas dizer coisas bonitas às pessoas, ou sorrir, ou fazer boas ações, é estar disponível para a vida.
Ailton Petrônio de Castro

Friday, February 15, 2008

VIRANDO A PÁGINA

A gente é meio teimoso mesmo, sinto isto na pele quando se trata de saber que determinada etapa chegou ao fim, e que não faz sentido insistir na sua permanência, porque precisamos viver outras fases.
Normalmente o ser humano não está preparado para encerrar ciclos, terminar uma relação, inclusive para aposentar-se ou despedir-se de um emprego. A gente fica imaginando porque coisas tão importantes repentinamente transformam-se em nada ou “quase nada”. E ficar parado se lamentando não é a atitude ideal. A compreensão de que é impossível alguém estar ao mesmo tempo no presente e no passado não ocorre tão rapidamente. O que passou não voltará, isto é certo. Não se pode voltar a ser menino, nem se reviver uma ligação com quem já foi embora e não tem intenção de voltar.
As coisas passam. Por isso, embora doloroso, destruir recordações não é de todo ruim, mudar de moradia, doar coisas para asilos e orfanatos, inclusive livros para bibliotecas ou escolas. São atitudes que podem nos assustar, mas desfazer-se de manifestações visíveis pode significar abrir-se para outras coisas, fatos ou pessoas.
Desprender-se, não esperar reconhecimento por algum esforço, por sua possível genialidade ou por seu amor.
Aceitar-se, não aguardar o momento ideal para perdoar ou eliminar o ressentimento. O insubstituível é fantasioso.
O que fazer então?
Fechar a porta, limpar a poeira, apagar os rastros, mudar a música e passar a ser quem é, deixando de ser quem era, tornando-se uma pessoa melhor, mais segura, e lembrando-se sempre que: tudo que chega, sempre chega por alguma razão.




Wednesday, February 13, 2008

A TAREFA DE EDUCAR

Quando os filhos nascem, não vêm acompanhados de uma bula, para que os pais pudessem se direcionar sobre como agir, o que evitar ou os efeitos colaterais, digo conseqüências colaterais.
A educação certa é aquela que prepara o filho para a vida, para conviver pacífica e equilibradamente em sociedade. A educação dada ao jovem deve considerar algumas situações importantíssimas:
- Respeitá-lo;
- Considerá-lo como ele é;
- Ajudá-lo a se conhecer;
- A cuidar-se;
- A preservar-se;
- Tentar melhorar o meio em que vive.
Nesta missão, quatro aspectos podem ajudar aos educadores e/ou pais:
I) A educação familiar;
II) O papel dos pais;
III) A educação escolar;
IV) O universo dos filhos.
A repressão é presença importante na educação, não a truculenta, mas sim a que dosa, modera, susta, retém, refreia e às vezes até inibe. É claro que em certos momentos para conter um impulso agressivo tem-se que segurar, impedir, proibir. Contudo, é sumamente importante um diálogo acompanhado de uma ação orientadora, com limites e até restrições. É como a demonstração de afeto, não basta dizer que ama, é preciso demonstrar por meio de beijos, abraços, carinho e outros cuidados.
EDUCAR É AGIR NO PRESENTE
Enquanto os filhos não tiverem seus próprios mecanismos de auto-controle, a função dos pais é dar-lhes parâmetro(s) e referência(s). Proibir só, não garante a obediência; além do mais é comum no jovem o “doce desafio”; mas sabendo ele da desaprovação dos pais, a chance de que tome mais cuidado é maior, responsabilizando-se pelas escolhas.
Assim, a função dos pais e educadores comprometidos é ensinar, cuidar, proteger, soltar; buscando sempre a manutenção da consciência nas atitudes.
Fica claro que os filhos devem ser orientados para que assumam as conseqüências das opções que fizerem; devendo estar preparados para compreender que o fato de viver nem sempre é inteiramente prazeroso.
No mais, é contar com muito amor e sorte – por que não? Educar é mesmo uma tarefa que merece cuidados.
Ailton Petrônio de Castro

Tuesday, February 12, 2008

A SEPARAÇÃO MATRIMONIAL

Descartável
O que é melhor, consertar ou comprar outro?
A nossa vida afetiva poderá ser bem resolvida com o incluir ou o excluir?
O mundo é evolutivo. A mulher vem alcançando novos patamares sociais ou financeiros, a liberdade de opção, os direitos individuais; tudo converge para aumentar as separações. Antes o que era quase um escândalo, tornou-se freqüente. As separações ocorrem até com menos de dois, três anos de união.
Possivelmente não seja de todo inverdade a afirmação de que as pessoas tratam o casamento como um jogo, uma loteria. Contudo, não é bem assim, a relação conjugal depende de um esforço de construção. São dois mundos diferentes que se encontram para viver juntos. Por outro lado a visão de indissolubilidade do vínculo matrimonial também acarretou muito sofrimento. Era uma renúncia, um sofrimento calado, uma eternização da união a qualquer preço. Vários fatores serviam para manter “as amarras” para sempre: o medo da solidão, a imagem social negativa da pessoa separada ou divorciada, os sofrimentos dos filhos e a questão financeira.
Hoje caminhamos para o lado oposto, em excesso. A separação devia ser a última opção num casamento. É preciso antes tentar entender que o casamento é fruto de virtudes e dificuldades emocionais. A convivência conjugal pressupõe um desejo de estar juntos, de objetivos comuns, de sentir prazer com o outro, apesar das crises.
Trabalhar a relação é uma opção, principalmente não se apegar à idéia de que o outro é o único responsável pelos problemas. Somos todos imperfeitos e cada um de nós entra num relacionamento com a sua parte positiva e negativa.
A separação apenas adia a hora da verdade de cada um.
Caso não se trabalhe “o interior”, as mesmas dificuldades aparecerão em outros relacionamentos.
Para superar os problemas conjugais é preciso estar consciente de que nada na vida está pronto. Tudo está por se fazer e essa é a nossa função na existência. O casamento é algo que pode crescer, evoluir, mudar. A aceitação das imperfeições ensinará como lidar com os limites e com as diferenças.
Dialogar, sem disputar poder. Eliminar o quem manda? Quem pode? Quem tem razão? A opinião de quem vai prevalecer?
Viver bem é combinar a própria felicidade.
Ailton Petrônio de Castro

DIVÓRCIO

O medo e a dificuldade da separação estão no coração de quase todas as pessoas. Quando falamos a palavra separação logo vêm à nossa cabeça várias associações: dor, tristeza, mágoa, abandono, perda, fracasso, choro e despedida. Raramente nos damos conta de que separação significa basicamente escolha.
- Será que meu sofrimento sem a pessoa que me faz sofrer será ainda maior? Ruim com ele, pior sem ele?
A ansiedade decorrente da possibilidade de perder alguém, sempre está presente. Por isso, tantas dúvidas.
- Será este o momento de desistir do relacionamento? No começo, o nosso relacionamento era tão bom. Será que não pode voltar a ser como era?
Além de todas essas questões ainda surge o receio da crítica de terceiros, principalmente da família, o medo de solidão e do desconhecido. O medo, às vezes, nos mantém presos a situações dolorosas, há pessoas que nos dominam e torturam, mais do que o amor.
Em nossa incessante busca pela segurança e pela estabilidade, temos a tendência a prender-nos a tudo que já é conhecido e a temer o inesperado, o que ainda não controlamos. Existe até um certo conforto e uma relativa acomodação no sofrimento. Tememos o novo.
Trata-se de uma teimosia, às vezes já se sabe que o respeito e o amor já acabaram e continuamos cegos para evitar uma decisão. Procurar uma terapia buscando a verdade é salutar; contudo procurar terapia para preservar relações dolorosas é um assunto muito sério.
Ter parceiro(a) não significa ser feliz. Não estamos na vida para “ter” e sim para “ser”.
Preservar a relação a qualquer preço passa a ser o nosso único foco e a fantasia de conseguir mudar o parceiro que nos mantém atrelado a ele. É claro que a separação não é a única saída para um relacionamento complicado. Se ainda há respeito, admiração e afeto, apesar das dificuldades, a relação pode ser tratada. Vale a pena tentar inúmeros caminhos de aprendizagem e de mudança. O que não vale é acostumar-se ao sofrimento e, a partir de uma excessiva autoproteção, perpetuar-se em relações infelizes. O que não vale é viver morrendo em nome de um amor que já acabou e fechar o coração para novas oportunidades. Estamos na vida para sermos felizes ou para estarmos com alguém?
Ailton Petrônio de Castro

Friday, February 01, 2008

A RIGIDEZ E A TEIMOSIA

O nosso comportamento encontra semelhanças com elementos da natureza. Por exemplo:
- A ÁGUA: flexível, fluida, plástica, adaptável ao ambiente, inodora, insípida e incolor; recebe qualquer cheiro, gosto ou cor. Interage com o meio, se liga com outra água e é essencial à vida.
- O DIAMANTE: rígido, duro, corta os outros elementos e não é cortado por eles, não se funde com outro diamante. É inflexível, não aceita mancha; quebra, mas não enverga. Tem forte influência de imagem e não é essencial à vida.
A água é flexível. O nosso corpo possui cerca de 70% de composição em água.
Pergunta-se?
Seria para nos ensinar que no relacionamento entre as pessoas deve haver flexibilidade?
E a rigidez, seria teimosia?
O teimoso é apegado às suas próprias opiniões e quer sempre ter razão, ditando regras para os outros.
O diálogo
É a procura da verdade a supremacia de um sobre o outro.
Não devemos considerar inimigos os que discordam de nosso pensamento. Isto seria autoritarismo.
A rigidez nos leva a desrespeitar a individualidade de cada um, querendo que todos vejam o mundo da nossa forma e tenham os mesmos valores que nós. Daí o desejo de controlar e dominar os pensamentos, sentimentos e ações dos outros (limites ultrapassados).
Querer reduzir alguém ao nosso modo de pensar é uma violência. Cada pessoa tem seu jeito, caminho, ritmo, gosto e forma específica de ver o mundo.
A boa relação só existe quando aceitamos o outro existindo diferente de nós.
O amor pressupõe harmonia.
A rigidez, a teimosia e o fanatismo estão estruturados em cima dos excessos; que por sua vez estão sempre certos (com certeza absoluta).
Os excessos são sempre disfarces.
- moralismo, puritanismo – desejos reprimidos.
- bondade – agressividade.
- dominação – fragilidade e sentimento de inferioridade.
ERROS SÃO INEVITÁVEIS E FAZEM PARTE DA NATUREZA E TRAJETÓRIA DO SER HUMANO.
O QUE FAZER?
Aceitar os próprios erros, os próprios limites e a própria contingência humana é o caminho para nos flexibilizarmos diante do outro.
MAIS VIVOS = MAIS FLEXÍVEIS
MAIS MORTOS = MAIS RÍGIDOS
CONCLUSÃO
Os rios alcançam o mar porque sabem contornar os obstáculos na sua sábia flexibilidade.

Ailton Petrônio de Castro