Thursday, September 22, 2016

SANTANA DO ALFIÉ ERA POVOADO NO SÉCULO XVIII

Existem várias versões sobre o nome dado a localidade. A mais provável refere-se à qualidade do ouro que ali se extraia durante o século XVIII. Conta-se que os negociantes pediam "ouro fiel", isto é, ouro de boa qualidade ou bem pesado, ao fiel; vocábulo que, corrompido, tornou-se "Alfié". O distrito localiza-se a cerca de 20 km de distância da sede do município,, limitando-se com distritos de Jaguaraçu, Marliéria, Dionísio e Nova Era.

Sabe-se que João dos Santos Leite e seu irmão Alexandre dos Santos Leite foram os primeiros posseiros que habitaram a região, por volta de 1730, trazendo junto com eles cerca de 40 escravos, apossando-se dos terrenos que, posteriormente, se denominaram Alfié, Galinheiro, Piedade e Sumidouro.

Em 1790 o padre João Rodrigues da Rocha, mais Antônio Barbosa da Silva e Domingos Gonçalves Laranjeira começaram a construir a atual matriz da localidade, substituindo a pequena capela de Santa Ana, erguida por João dos Santos Leite. O serviço foi executado pelo marceneiro Valentino Dias Cordeiro, residente em Villa Rica, e concluído em 1794. 

ROMARIA

A origem da romaria que acontece anualmente no distrito, no dia 3 de maio à Cruz de São Gonçalo, está ligada à rústica cruz encontrada por Domingos Marques Afonso quando estava inteiramente perdido no meio da mata e que, anos depois, foi também achada por Jerônimo de Faria, de Morro Vermelho, que casou-se em São Domingos do Prata em 1792, e ao apossar-se de terrrenos no córrego hoje denominado São Gonçalo, deparou-se com a sepultura.

Anos depois seu neto João J. de Faria, vulgo Joãogico, achando-se atacado de grave enfermidade, fez votos de substituir a antiga cruz de madeira roliça por outra de melhor aspecto. Obtida a cura, cumpriu a promessa. Algum tempo depois, uma filha de Joãogico, que também se achava desenganada, obteve melhoria instantânea, invocando a cruz milagrosa, motivo hoje da romaria.

A velha cruz encontrada por Jerônimo de Faria está ligada a uma impressionante história. Segundo se sabe, havia na antiga Villa Rica um abastado comerciante, pai de três lindas filhas, sendo Ricardina a mais bela, cortejada por todos os jovens aristocratas locais. Mas, o mais apaixonado, era um soldado de baixa classe chamado Dionísio, que não se atrevia a declarar seu amor. Por obra do destino, o pai de Ricardina cometeu um crime e foi preso. Dionísio sentiu que chegou a hora de agir.

Propôs então à moça que facilitaria a fuga de seu pai, mas que os dois também iriam juntos. Ela aceitou e os três fugiram dirigindo-se para Antônio Dias Abaixo. Na noite seguinte repousaram numa fazenda à margem do Gualacho, mas, de manhã, Ricardina notou a ausência do pai, tendo Dionísio dito que temendo ser preso ele fugiu. Os dois seguiram viagem no encalço do fugitivo.No quarto dia o casal encontrou-se com dois soldados que se dirigiam de Antônio Dias para a capital provincial.

Não se sabe por qual motivo, um dos soldados foi morto e enterrado pelo próprio Dionísio. Tal fato teria acontecido nas proximidades do Morro da Sela, próximo à Fazenda São Nicolau. Mas, ao que tudo indica, se deu nas imediações de Alfié, que também não é distante do Morro da Sela, e que desde 1730 já era povoado. Portanto, por ali deveria passar o caminho ou trilho de Antônio Dias Abaixo para Villa Rica. Dionísio teria se refugiado no lugar chamado Pereiras, e quanto à bela Ricardina, faleceu a caminho de Alfié.