Saturday, August 12, 2017

BENÇA PAI !

Pai.... completamos  17 anos sem você. O senhor continua fazendo falta na mesa do almoço, no banco da loja de Duvalzinho, nas brincadeiras com Alicate, com Zé Maurício, das suas jocosas brincadeiras, Eu não sabia que doía tanto...mas a vida é assim, filho só sabe o valor de um pai quando o perde. Quando, Ele, mesmo impossibilitado de andar, sentado na solidão do sofá da sala ainda é o nosso maior confidente, nosso encorajador, aquele que sabe diminuir a dimensão de nossas preocupações. Vivi com meu pai 55 anos, nunca consegui ouvir dele uma deselegância ou uma má resposta. Barbeiro, filho de barbeiro, mas leitor atento sabia quando ficar calado e responder-me apenas : você ta certo !.....Certo nada, ele não queria discutir comigo as minhas idiotices ou aquela suposta capacidade de conhecimento do jovem que leu um pouco e já se metia a saber tudo e esquerdista....Ele sabia que dentro em pouco eu pensaria diferente....que a vida não era aquele mar de rosas e que encher uma geladeira ( que nem tinhamos ) custava trabalho.O senhor e mãe - a dupla flexivel-rígida criaram oito filhos, todos unidos, com particularidades diferentes, companheiros uns dos outros, mas por mais que façamos, aquela sua mão macia em nosso ombro e aquela mania de roçar a barba mal feita em nosso rosto de meninos, aquela eterna mania de nos defender junto, a nossa mãe, por sujar as calças curtas de terra vermelha, por passarmos o dia todo jogando bola no corte da estrada de ferro. Aquele ritual de duas vezes por dia, de bicicleta, atravessar a cidade - via Lava-Pés - e ir fazer curativo na perna de nosso vô Zé Luis ( rua das Taquaras) ensinou-nos um tanto que o senhor não pode imaginar. Sabe por quê ? Muitas vezes os filhos não ouvem os pais, mas certamente  os observam. A convivência tão forte com o senhor chegou a um ponto que adivinhava o que o senhor iria responder, antevia a sua opinião sobre coisas da cidade, de política e futebol. Pai....aguarde-me um pouco, voltarei, estou indo buscar flores para levar para o senhor, flores que eu devia ter dado durante a sua vida, todos os dias, mas que hoje servem para meu consolo e oração e para banhar meu rosto de lágrimas de tantas saudades . Finalmente, sei o que está pensando : como estamos criando nossos flhos ? Estamos tentando fazer o melhor, mas, eu, particularmente igual ao senhor , não estou conseguindo.BENÇA....PAI ! Segue um abraço de dois amigos seus....Silvestre de Da. Lalá e Marcinho de Sô Inhô Gomes